Quilo do feijão chegou a ser vendido a R$ 12 no final de 2016. Agora,
ele pode ser encontrado a R$ 2,50.
O baixo preço do feijão no Mercado
Central de Aracaju confirma a tendência de recuperação da safra do grão no
estado. O quilo do feijão, que chegou a ser vendido a R$ 12 no final do ano
passado, pode ser encontrado a R$ 2,50. Segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a produção sergipana de feijão deste ano
apresentou crescimento de 251% em relação a 2016.
“Em 2016, vivemos
uma das maiores secas dos últimos dez anos. Todas as lavouras foram atingidas
pela falta de chuvas, mas, graças a Deus, 2017 teve um bom inverno e já estamos
vendo resultados crescentes em todos os cultivos do estado”, disse o secretário
de Estado de Agricultura, Esmeraldo Leal.
O impacto da
estiagem pode ser percebido nos dados divulgado pelo IBGE sobre a safra do
feijão que vinha diminuindo desde 2014, quando saiu de uma produção de 10.177
toneladas (t) para 7.992t em 2015 e 2.691t em 2016. A sequência de queda só foi
interrompida agora em 2017, com previsão de produção de 9.636 toneladas.
“As sementes
distribuídas gratuitamente com os agricultores familiares são certificadas com
ótima qualidade e produtividade, alto índice de pureza e geminação”, garantiu o
secretário, acrescentando que foram investidos R$ 2.290.000,00 na compra de
sementes e R$ 1.600.00,00 na preparação da terra com horas máquina, totalizando
investimentos de R$ 3.890.000,00.
Plantio de feijão
O plantio de feijão é feito principalmente nas regiões do Alto Sertão,
Agreste e Sul sergipano, com destaque para o município de Poço Verde, maior
produtor estadual. Segundo o coordenador do escritório da Emdagro em Poço
Verde, Luiz Alberto, a safra vai ser bem maior que a previsão feita até agora.
“Só aqui no município, a previsão é colher 8.400 toneladas numa área plantada
de 7.000 hectares. São, em média, 1.200kg por hectare. Quem plantou cedo já
está colocando o dinheiro no bolso porque o ciclo do feijão é de apenas 90
dias, entre junho e agosto”.
O casal de agricultores Josefa
Maria, 69 anos, e Josafá de Souza, 71 anos, revela a alegria de uma colheita
farta. Moradores do Povoado Paracatú, localizado na divisa entre Poço Verde e
Simão Dias, eles criaram seis filhos com o trabalho da lavoura e continuam
plantando. “Plantei o feijão consorciado com a erva doce e mais uma área de
milho. As chuvas deste ano foram na medida certa pra nós que vivemos da roça.
Só de feijão, plantei três tarefas e logo quero colher entre 20 e 30 sacos”,
explicou.
Mercado
“Com a safra em alta, a tendência do preço é cair, essa é a lei do
mercado”, comenta o comerciante, Aércio Araújo, que há 30 anos vende cereais
nas feiras livres de Aracaju. Ele conta que, no final de 2016 e início deste
ano, comprou e vendeu feijão caro. “Cheguei a comprar feijão de R$ 600,00 o
saco de 60 Kg, vendia a R$ 12,00 ou mais. Hoje, o feijão carioca pode ser
comprado a R$ 130,00 o saco de 60kg. Por isso você encontra comerciante
vendendo até por R$ 2,50/Kg”.
Patrícia Rocha,
comerciante no Mercado Central de Aracaju, disse que passou momentos difíceis.
“Eu comprava um saco de R$ 700 e dividia com outra colega comerciante. Ficava
com meio saco de feijão para não perder a freguesia”. Patrícia observou que a
alta no preço do feijão chegou a mudar o hábito do consumidor sergipano, que
tinha preferência pelo feijão carioca e hoje diversificou. “Eles experimentaram
outra variedade que na época estava com menor preço, a exemplo do feijão
fradinho”.
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